terça-feira, 10 de agosto de 2010

Diogo

- Meu nome é Diogo.
- Diogo de quê?
- Diogo de Diogo. Não importa o resto.
- ok. Qual sua idade?
- 16.
- Por que você está aqui Diogo de Diogo?
- Só Diogo por favor.
- Diogo, por que você está aqui?
- Eu não sei explicar... não consigo mais voltar pro mundo real.
- E qual é seu mundo?
- Um que só eu entendo...
- Como e quando você começou com isso?
- Quando me senti perdido e sozinho.
- E... isso te fez sentir-se melhor?
- Enquanto estava fazendo efeito sim...
- Você sentia o quê?
- Um calor interno, imaginava pessoas me abraçando...
- E por que você não abraçava as pessoas de verdade?
- Porque elas não me davam liberdade pra isso...
- Então você tinha que se aprgar a ilusões pra superar sua vontade?
- Mais ou menos isso.
- Entendi.
- Diogo... vou te fazer uma proposta.
- Uhm.
-  Escreva numa placa "doa-se" abraços e fique na frente da estação de metrô.
- Não. Isso seria ridiculo.
- Do mesmo jeito que é ridiculo viciar-se em alcool... o que é mais?
- Os dois.
- Vamos pesar o que é mais. Te desafio!
- Nem pensar.
- Seu froxo.
- Grrr. Você verá quem é froxo. Vou fazer essa bosta...

- Diogo. Como você se sente?
- Algumas pessoas pararam e me abraçaram. Foi estranho, bom e ridiculo ao mesmo tempo.
- Nunca esqueça o que vou te dizer agora... Com máscara, sem máscara, de botas, sandálias ou descalço... sempre vai haver um bom coração para você partilhar seus medos e deixar que ele(a) aqueça um pouco seu coração se necessário. Você não precisa se esconder atrás de goles de ilusão... Não é ridiculo querer um abraço, sentir um calor... basta você não ter tanto medo assim de se mostrar. Basta você ter a atitude que quiser sem medo de qualquer rejeição...

Diogo levantou-se. Sorriu. Agradeceu num gesto timido com a cabeça e saiu em busca do mundo...
Desta vez... de um mundo real, sem goles de ilusão. Apenas...de calor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário