quarta-feira, 29 de julho de 2015

Em cada onda

Ela nem sabe que não sei nadar
Em cada onda
Em cada maré brava
Ela faz eu me afogar
Ela me traz um sal de emoções
Um dia me dá cebola pra cortar
No outro tem carbonara nas refeições
Ela é tão importante
Igual o pretérito imperfeito importou pra que eu esperasse que ela não me mastigasse assim
Ela nem liga, ela nem aparece
Depende do tempo e do lugar
Ela me diz que vai acabar
E eu nunca sei o verbo que eu devo conjugar
Se você não vem meu coração percebe
Faz três dias que sonho
Que seu amor teve fim
A sua liberdade não me fere
Me machuca a inconstância que você prefere
Queria que fosses feliz
Queria que sua paz fosse a mesma da praia do sono
Sem preocupação, sem consumação
Só a certeza de que o dia não precisava ter acabado
Nesse dia eu mergulhei no mar, sem nenhum perigo
Sem lembranças de ter me afogado.

sábado, 25 de julho de 2015

Caruncho

Dentro de um pote sobremesa doce
como cada incerteza
Mela minha boca cada palavra desprezada
de ontem a noite
Alimenta um caos
Concretiza o cal no muro da tristeza
É tão sério
Tão mistério
Que nem quero mais sair
Ir no baile sem aquela roupa que sustenta minha falta de razão
Ah! Minha emoção...
Não seguro
Me torturo
Tomo um golpe da sua sórdida manipulação
Você é um que tá mal resolvido
A cada página virada você vem ler comigo
E até aquele livro que não entreguei na biblioteca
Estava com você nas ruas de outra era
Daí eu atrasei
Paguei a multa
O preço de ceder
A cada olhar que você me leva
Aos horários que eu perco por estar na sua presa
Você me castigou
E teve indigestão
Porque eu sou comida vencida
Caruncho de macarrão
Sou um karma, uma alienação
E pra você me ter, adeus
Não quero não...
Não quero não...

sábado, 11 de abril de 2015

Minha crônica sobre o amor

Eu mandei uma carta pra ela. Ela nem acredita que a amo, mas vale a pena registrar com caneta porque é mais difícil de apagar.

Um dia ela acordou e me ligou tão carinhosa. O amor dela naquele dia demorou em mim tanto quanto uma fila de pacientes demoram no hospital do SUS.

Esse vai e vem me mata. É tipo comer barra de cereal quando se quer comer um suculento bife ancho. Dá vontade de falar pra ela que aqui não é Black Friday não; vem uma vez por ano, leva o melhor que achar e ainda leva mais porque na tá promoção. Depois some.

Nunca soube escolher direito. Já ouvi muito a expressão "pra sempre" nos relacionamentos.
Acho que deve existir um disque-clichê que ao começar um relacionamento você liga para umas dicas e a atendente diz: - é início, já tá namorando ou casado?
Você é tudo que faltava na minha vida, vamos ficar juntos pra sempre mas não é nada disso que você tá pensando!

No final, pro meu governo, nenhuma informação é válida quanto ao amor, é pra cada um de um jeito. Um clichê de novela, falar demais num dia, calar demais no outro. É clichê barato, o bacana falando ósculo e idiossincrasia pra impressionar.
É gelo, é fogo, é creme rinse, é sarará.
Não tem como prever dia bom, se vai separar.

O amor é o recheio da trakinas que você adora comer puro e deixar a tampinha pra lá. Daí vem alguém que não tem nojo e come a bolacha. Daí vocês ficam unidos pelo recheio que um comeu e a bolacha que o outro nem ligou se estava babada.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Eu não sei quem são essas pessoas
Nunca as vi
Nunca tive vontade de vê-las
Quem as chamou aqui?
Estou rodeada de gente desconhecida
Não consigo interagir com elas
Parecem não ligar muito pra mim também
Eu também tenho receio de falar com elas
Eu que sempre fui de fácil convívio
Sempre fui de fácil amizade
Eu que sempre quis um amigo pra me apoiar as vezes
Aprendi que a solidão é um monte de gente abraçada que não se conhece
Um monte de vontade mútua que não se compartilha
É aquela vontade de ligar e não encontrar a pessoa em casa
É em vazio dentro de si.
Um grito que o vento não leva pra lugar nenhum
Ninguém vai te salvar de você mesma
Fique tranquilo que se você morrer vão achar seu corpo 5 dias depois e só porque vc estará exalando aroma de solidão pelas outras portas...talvez 15 dias depois...
Não receberá uma só ligação nesses dias, somente das contas que ainda faltam pagar
São tantas falas dentro de mim que mal sei definir de quem são essas vozes
Deveria me conhecer mais?
Deveria ter me conhecido.
Não era uma pessoa tão difícil. Tinha lá os meus defeitos. Tinha lá meus dias ruins.
Mas eu tinha um coração aberto. Juro.
Nunca quis me entregar assim
Mas aconteceu
E matei tanta gente dentro de mim. Inclusive aquela criança.
Estou presa agora.
Com um monte de gente desconhecida aqui dentro que não faço idéia de quem seja.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Tudo que eu podia sofrer por você
Já vivi
Tudo que podia viver por você
Já sofri
O radar móvel conseguiu detectar a velocidade do meu desespero em ir entregar suas coisas
Não que eu não quisesse sua blusa
É que dentro dela te imaginava
Falando que me amava
Mas ia embora
Falando que nossa história era você que escrevia
Mas o poeta sou eu
Você tirou a caneta da minha mão
Fez um desenho macabro de solidão
E eu me prendi nesse quadro
Metade de mim é eclipse
Se esconde pra ficar triste
Mas não quero ficar aqui preso, me ajuda
Balões de gritos nas minhas falas
Só me pergunto qual será o fim desse insight que tive
De que eu mal sei viver sem clichês
Minha doce menina euforia
Eu te busco aí, me espera
Mas me solta desse capítulo triste
Tem uma bola de peso amarrada no meu pé
Me solta, quero ir te buscar
Quero ir te encontrar
Quero chorar com você
Quero você.
Quando puder me liberta, porque sou poeta e não personagem de HQ.

terça-feira, 24 de março de 2015

Remendo

Remendo rasga ?
Rasga. Com o tempo.
Casa com laje quebrada
Pinga uma hora lá dentro.
Cano com burado entra rato
Carro fica com a tinha opaca
se ficar ao relento
Relógio sem bateria
não tem noção nenhuma de tempo
Bussola quebrada
Nos perde no mar
Pra batata virar purê
é necessário ter paciência
Brigadeiro de panela tem que ficar mexendo
Se comer quente, queima o beiço inteiro
Ah, tristeza passa mesmo lendo as noticias
Qualquer ser humano pode ter icterícia
E sobre o amor ? Tem algum segredo?
Sei lá. Nunca entendi nada, nem sei se machuca, faz bem ou dá medo.
Na verdade esse poema é só de remendo. Não causas irreversíveis de sentimento.

sexta-feira, 20 de março de 2015


No espaço entre pensar e fazer
deu um nó, deu um nó!
As dúvidas sobre o que ser quando crescer
Foi meu Ápice infantil
Porque eu queria me aventurar
E fui obrigado a vender pra sobreviver
Não foi bem o que imaginei
Pensei em algo tipo...
Florestas!
Fogueiras!
Animais!
É. Não tive essa possibilidade
Não tem essas coisas aqui na minha cidade
Tem carros, avenidas, pessoas fazendo cooper na pista
E eu trabalhando uniformizado
Não foi essa resposta que dei quando me perguntaram Oq queria ser quando crescesse
Mas agora que sou
Vamos ver no que dá
A história que sai
No que vou me tornar...
Já que não posso ser aventureiro...Meu pai achava lindo quando eu era criança e respondia isso, agora ele me mata.

terça-feira, 10 de março de 2015

Sobre a dor

Para parar de doer a dor precisa ser sentida
É preciso começar ardendo, desconfortável e no fim o alívio
Não tem remédio que não demore um pouco para fazer efeito
De alívio imediato quer viver o homem
De sentir outra dor para esquecer a anterior quer viver o homem
E não!
Não dá para colocar um gosto amargo no lugar do salgado da lágrima
Tem que deixar o sal misturar-se ao doce e virar soro que cura
Nem sempre é uma pista larga de 4 mãos
O caminho pode ter só uma mão pra ir e outra outra voltar
É engraçado que quando sua artéria está apertada
Falta o ar
Dá aquela sensação de que ninguém vai chegar a tempo de te ver morrendo
Daí vem o próprio abstrato e puxa sua mão
Eu não quis me sentir sozinha
Eu não quis sangrar
Não vou tomar outro remédio
Porque prejudica outro lugar
Eu não sei o que faz para não repetir o erro
Não sei onde a vida em passos lentos quer chegar
Ou o tempo me traz de volta alguns sorrisos
Ou em coma quero ficar
Até a dor ir embora e no infinito no meu sonho ela toturar
Passar distante das cólicas de rejeições da minha vida, quero virar de bruço, ficar quieta e me isolar.
Não atendo telefone e nem campainha.
Preciso de cuidado e ninguém consegue chegar, vou ficar olhando sangrar até desmaiar. Não saio da cama hoje.
Não vou me arriscar.

quinta-feira, 5 de março de 2015

Nossa distância

Pra chegar até você e olhar nos seus olhos tá mais fácil chegar no Rio de Janeiro
Tá mais perto a ponte Rio Niterói
Até se eu caminhar a pé chego primeiro
A Baía de Guanabara separa seu olhar do meu
Deu uma esfriada nesse calor de março
Não estamos mais no mesmo tempo e espaço
Não atravessamos o cruzamento em mãos paralelas
Vou ligar o gps pra ver se te encontro
Acho que nem tem mais seu endereço na memória
Acho que baniram sua rua do meu mapa
Implodiram nossa história
Não sei mais se te espero na rodoviária
Ou se choro as dores de uma despedida
Já que você mudou pra longe
Vou pegar outra avenida
Vem me visitar
Você agora mora longe
Mas a distância é só da minha vida
Vê se aparece um dia.

quarta-feira, 4 de março de 2015

Uma dúvida

O infinito que existe em nós
É um monte de nós para desamarar
Nisso passa o tempo sem dó
E se eu não correr ai de mim

As vozes que falam no trem
É em monte de nota dó
Se eu tentar entender tudo
Fico louco, será meu fim

O fim da linha desse metrô
É na estação que não vou descer
Cada vez que o maquinista anuncia
Fico pensando se devo ficar e me perder

Nessa viagem lotada de gente com dúvida
Desço com a cabeça nas nuvens embaixo da terra
Não sei se caminho na Av. Paulista
Ou se volto pra Itaquera

terça-feira, 3 de março de 2015

O seu beijo

Houve uma festa lá na Sapucaí
Carnaval, coisa e tal
Um Tum tum tum na bateria
Um tá tá tá no tamborim
Fui teletransportada a isso tudo
Seu beijo me causa som do agogô nos sentidos
Sambo de felicidade
Seu beijo não dá pra fazer cena
Porque a cena é do meu corpo em chamas
Só você apaga o incêndio
Seu beijo molhado
Tum tum tum quando seu lábio encosta no meu
Tá tá tá quando suas mãos seguram meu rosto
Quando você para o beijo se houve o repique, sinal que isso vai longe
Seu beijo é minha alegoria
Que caminha de perna bamba
Calor no meu corpo todo
Seu beijo causa no meu corpo o efeito de uma escola vencedora de samba.
E Eu Nem gosto do Carnaval, coisa e tal...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Ela se foi

Fiquei olhando ela pela janela
Ela se foi...
Linda igual chegou
Nada mudou
Ela se foi...
Durou o tempo que dura um vinho bom
Eu desejei
Eu amei
Eu chorei
Eu não pedi pra ela ficar
Porque isso é escolha dela
Ficar ou partir
Tem que ser bom pra ela igual é pra mim
Ela partiu
Da minha casa
Do meu coração
Meu coração
Ela se foi e deixa saudade
Nem olhou pra trás
Eu vi tudo, o jeito dela partindo
Talvez tenha que ser assim
Apertou o choro na minha garganta
Mas acabou o vinho e...
Ela se foi.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Um gole
Dois goles
Três...
A visão meio embaralhada
Não sei a dose que estou tomando
A dor não passa
Esse álcool tá com defeito
Não está ajudando
Ou será que o defeito está em mim
No âmago
Sei lá, se sou homem ou mulher
Tanto faz agora
Doi do mesmo jeito
Sei lá se eu já vou ou estou voltando
Não para de doer mesmo
Tudo de novo, a mesma dor de amor
O mesmo erro
Em outra intensidade
Já começou e mais uma vez Boa sorte
Que vença o melhor de você
Se você aguentar
A gente se vê por aí em qualquer bar
Ou em qualquer outra vida
Deixe a gorjeta do garçom em cima do balcão
Porque você encheu demais, sem paz.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Ela

Ela esconde nos olhos cada frase pronta
O medo não assusta ela, mas faz ela travar
O homem está gritando na rua
Metade é Loucura de seus ouvidos
O resto é ansiedade disso passar
Ela reflete tão rápido quanto a maresia
Respinga em tanto lugar
Ela até quer ser indiferente
Mas nem toda hora ela sabe o que falar
A razão é o paladar de sua ânsia
Seu coração é o gosto do prato de domingo
Ela sente falta dos seus laços, da sapatilha, de gente do seu sangue que já não tem
Não acordou bem hoje
Pensamentos infames
Nem lembra se fechou a janela
Ou o que fez entrar em sua casa aquele enxame
Enxame de estupidez, morbidez, corticóide...
Buscou o filho na escola, reclamou do cansaço, não fez nada o dia Todo.
Tem gente que gosta do sorriso dela, mas faz tempo que ela não dá um pio. Quieta, estática, arrepiada, pegou um livro, sentou e fingiu que estava lendo
Ela só estava imaginando a história que queria viver
O mundo que espera se entrelaçar em seus dedos
Ela não tem muita certeza sobre o que deseja pra hoje
Mas queria uma fatia de audácia
E uma pitada daquele ânimo atípico
Ela quer mudar tudo
Mas não tem ninguém que a faça ter vontade de arrastar os móveis
Ela organiza a casa e não sente mais aquele cheiro bom de Jasmim
Você julga e pressiona uma atitude dela
E esquece que ela existe em você, e doi tanto quanto pedra no rim.
Deixa ela quieta, ela só precisa pensar um pouco
Amanhã ela acorda bem e coleciona novas confusões
E talvez fale sobre. Talvez não.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

Conhece esses chinelos?

Conhece esses chinelos?
Sim, e esses pés também, como ninguém!
São os pés que eu beijo
São os pés que me pisam
Os pés que desejo
É a delicadeza de salto alto
O Andar que eu me exalto
É o pé feminino
O pé que eu beijo simplesmente por querer beijar o resto
Confesso!
Seus pés de mulher desejada
No chinelo de domingo
Quase não se nota no calçado
Mas quando você coloca ele sobre mim
Minha excitação se escuta
Mas eu fico surda
E me entrego para beijar seus pés
Descalços
E você desnuda.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

a fala se perde,
se cala,
Fica rouca.

No meio de tudo isso
Sinto falta de um jeito
era quase o começo de uma mitologia
tinha força
tinha medo
tinha magia
Gaia, Eros, Urano
Atrações, criações
Era moldada a arqueologia de outrora
já foi assim
agora é parte histórica de mim
Não tem Artemis que me salve
porque não teve intenção
Foi algo meu
meus olhos viram,  piscaram e relevaram
parte de mim queria, outra reluta
e a terceira formou má conduta

acreditei ser politeísta para ter mais gente para me livrar disso
Meu Hades,  meu Apolo
me tiro do mundo morto e vou escrever poesia
Essa mistura me invade
e uma simples palavra, um ciúmes, uma fala que meu olho vê, me incomoda tanto que vira arte.  E sai de mim de repente, mistura de Ares e Afrodite,  um tufão, emoção Olímpica, quase incrédula que alguém vai me proteger.

Quando eu penso em você...

Na noite fria que fazia
Seu abraço me fez ter febre
Naquela dança que aconteceu
Nossos olhos se cruzaram
E nossos lábios não aguentaram a tentação

Pensei em você...
Fiquei com cara de boba
Também pensei em desistir daquilo tudo e sair correndo
Mas porque eu não aceitaria seu sorriso?
Seria até engratidão da minha parte

Pensei em segurar a sua mão por toda a cidade
E também pensei que não queria me machucar denovo
Mas por que não tentar mais uma vez?

Você me fez sentir borboletas no estomâgo
Me fez rir sozinha
Me fez querer você aqui...só pra eu ficar te olhando...
Olhos de amêndoas

Se for divino...que me preencha seu amor
Se for momento... que seja único
Se for paixão... que queime meu peito
Mas se for amor, que não doa muito

Eu quero o infinito de coisas que existe aí dentro.
Com medo ou sem medo, quero encaixar meu corpo no seu
E que encaixe!
Me ache...te espero outra vez....

Tô lisa

Subi no ônibus
Cobrador, me perdoe, não tenho um trocado
Tô lisa, sem nada, sem um centavo
Mas me ajuda a chegar
Prometo pagar quando eu voltar
Só não sei quando volto
Deixa eu passar por baixo?
Quebra essa?
Se eu te contar como anda minha vida
Tá igual esse bus parado no ponto
Monte de gente pra subir e não tem lugar pra sentar
Bolsa tudo jogada no chão
Criança chorando
Motorista pedindo um passo pra trás pra poder fechar a porta
Nego vendendo bala gritando
Pra quem tá de pé é bem difícil
Já que não dá pra puxar assunto
É um saco tudo balançando
Manter o equilíbrio nessa hora
Coloco o fone de ouvido
Pra não ouvir sermão de religioso
Eu Não tenho grana
Mas tô ouvindo música pra acalmar essa vergonha
De Não ter um real
Um dólar
Um peso
Quero sair do buraco mas estou preso
Vou descer em qualquer parada
Pra ver se acho um dinheiro perdido no chão
Porque Não sei de onde tirar
A gerente negou meu crédito
Cartão tá sem pagar
 Esse papo de finança é um tédio
Sempre fui ruim De administrar
Mas é assim Que Andam as coisas
É pura realidade
Tô no buraco vermelho
No fundo do poço
Tô com Medo do espelho
E da cara do moço, o cobrador
Porque chegou a hora de descer, ele deixou eu passar por baixo.
Baita vergonha. Que vergonha!
Mas não tive escolha, desci
Em qualquer lugar
Vou ver se vendo alguma coisa
Preciso de pelo menos Um tostão
Pra resolver essa situação de risco
Honrar meus deveres
Pagar meus compromissos
Podia jogar na Loto... Mas não tenho nada no bolso
Tá triste de ver. Peguei carona e fiquei preso no ponto. Não tenho Pra onde ir.
Sentei no banco e fiquei pensando...
Um dia decido o que fazer.
Tchau moça, bom retorno pra casa, bom descanso. Foi bom papear com você sobre seus carnês. Boa sorte com a nova escola mais cara do bebê.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Meu encaixe

A haste no pneu
Julieta, Romeu
Prego no martelo
Pé no chinelo
Surfista na prancha
Criança na balança
Sol no verão
Molho e macarrão
Esquina e calçadão
Cortina na janela
Noiva e seu vestido
Ceia da familia no domingo
Funk no Morro
Cavalo e o Zorro
Juiz e o apito.
Cada um tem seu inseparável
O começo de algo imutável
A razão e a emoção
Você me reparte, se junta em mim
Você é minha parte, meu encaixe.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Todos os clichês da minha vida

É uma longa história de
Um dia a gente se vê
Depois eu te falo
Me liga depois
Vamos marcar qualquer hora
Podíamos fazer isso qualquer dia
Também queria muito
Eu também te amo
Ainda vamos rir de tudo isso
Já estou chegando
Pior que tá não fica
Não quero te perder
Você nunca aprende
Me dá mais uma chance
Tenta mais uma vez
Não sei se vou conseguir
E aí me conta as novidades
Na verdade, nunca é tarde pra ter
Saudades...
De todos os clichês da minha vida.

Corro de saudade

Pra te ver eu corro de saudade
Pulo o muro
Entro pela janela
Encaro medo de altura
Subo no pé de seriguela
Pra te ter encaro até realidade
Vou e volto na sua cidade
E arrisco me perder
Pra respirar seu cheiro
Eu ajoelho e te dou uma flor
Invento um caso, um favor
Pra você me pegar num toque
E eu poder te encostar
Te olhar no olho é meu preferido
Não vá correndo
Porque eu vou te amar devagar
Conhecer cada canto da sua esfera
Tirar dos eixos sua doce vida
Porque eu vim pra te bagunçar
Joga teu cabelo de lado
pra eu ver teu rosto
Se você me desenha na mente
Eu quero pintar teu gosto
E quero me fartar do seu toque
Inventa um estoque dele pra mim
Quero tecer a teia de me arranha
Desenha nas minhas costas
Tatua a vontade em mim
E por último
Pra eu ser seu fogo, cobertor do seu abraço
Te gosto, eu faço
Pra você deitar do meu lado
E sentir frio pra querer se esquentar em mim
Não precisa inventar desculpa
Fica e me aproveita
Porque assim eu também paro de inventar esse lance de passar na sua rua
Só pra ver se carro está na garagem
E fazer mil viagens
Pra quem sabe te ver
Nessa vida quase sedentária
Eu só corro mesmo é de saudade
E pra te ver.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Conjunção

No escuro,
uma luz de sentimento
Havia pessoas por todos os lados
Mas só vi você e eu
Você me olhou a fundo
Me entreguei
Não diga sobre seus medos
Porque os meus eu nem comecei
É uma lista pequena
Para os muitos desejos que você me desperta
Seus olhos disseram, o que sua boca temia
Mas o amor saiu da sua boca na Luz do dia
Eu num susto de felicidade
Concordei
Que esse momento é nosso
Esperei
Que nosso relógio marcasse a hora exata de te fazer bem
E que em todos os lugares que eu passe, você venha junto comigo
Mãos dadas, caminhando, nesse sol de domingo
Não importa como, segura minha mão
O amor que transborda agora meu peito, são detalhes da adição de dois tempos, um amor, uma conjunção.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

preciso de bandaid

Seguia pela rua tranquilamente
Numa distração, fui atropelada
Num espaço curto de um minuto passou na minha mente tudo o que eu ainda não tinha feito
Não tinha ido para o Hawaii
Andado de JetSki
Não tinha visto um tango
Não tinha escalado a montanha
Fiz tanta coisa inútil
Sofri por dores de uma semana
Eu fico aqui pensando
Tive várias chances de me salvar
E eu já estava toda machucada
Antes mesmo daquele carro me atropelar
Já doía
Já estava distraída
Já tinha caído no chão
Aquele automóvel só concretizou o que já acontecia, minha falta de atenção
Agora tenho dois machucados
Um na perna inteira
E vários no coração.

É guerra!

É guerra!

Tenho minhas lutas diárias, meu arqui-inimigo mais fácil de derrotar é o despertador.
Num tapa eu consigo acabar com ele.
Mas tem outros que não consigo ver de forma materializada igual esse oponente barulhento.
Tem um que me deixa acelerada o dia todo, fisicamente em um lugar, cabeça em outro, tem o poder de enfiar pensamentos na minha mente e desconcentrar você da luta. Tome cuidado porque esse consegue até fazer você comer demasiadamente, bem estratégico.
Tem outro que tem um freezing paralisante. Congela dentro da sua barriga e nem é pela boca, te trava, você não consegue ir e nem voltar. Você até pode tremer, esse inimigo te perturba a mente de um jeito que você acha que não consegue, ou que vai perder as pessoas que ama, ou que você é pior que todos os outros. Cuidado para ele não te dominar de um jeito que você nem consiga mais fazer planos de vitória.
Tem um que eu detesto mais. Esse eu fico no 1x1.
Ele me faz enxergar coisa onde não tem, ou até tem mas não quero ver.
Me corrói por dentro igual ácido pode corroer o ferro.
Te deixa atônito de raiva, mas esse atônito acaba e você vai brigar com quem não é o inimigo. Danado esse inimigo, porque ele é aliado ao do freezing paralisante, dois contra um a maioria das vezes.
E por último e não menos forte, tem aquele que te faz ser burro, não perdoar, não desculpar, não voltar atrás, achar que você está completamente certo e até impor sua verdade. Esse vem pra destruir em massa. Ele não liga para a sua opinião ou fraqueza, quer ganhar a luta e coleciona quantidade de corações gelados. Se ele perder uma luta, jamais abaixa a cabeça e assume que perdeu, pode te ignorar para sempre, mas nunca assumir que é mais fraco que você.
Esse último eu derrotei há muito tempo, mas ele não assume que perdeu e não olha mais na minha cara e nem me enfrenta para não ter que perder de novo e passar por essa humilhação de ter que baixar a guarda.
Os demais, comprei uma espada com um samurai desenhado. Vamos a luta! Vou derrotar esses arqui- inimigos insistentes.
Avante...! Vem que é guerra! Está travada, ops estou travada de novo, freezing paralisante filho d....

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Entre quatro paredes

Entre quatro paredes
Há tantos segredos
Detalhes sórdidos
Medos
Há juras eternas
Roupas que não servem mais
Palavras que não servem mais
Há poeira
Pensamentos, bebedeiras
Há rumores de decepções
Cafés pela metade
Um ingresso de show perdido
O sufoco
Um grito
Uma conta sem pagar
Tem também cheiro de você no lençol
Suas mãos puxando o edredon
Sua voz sussurrando meu nome
Tem a dúvida
A empatia
Rotina do dia a dia
Gente que entrou e saiu
Tem o bilhete de metrô jogado
O rádio ligado
Minha lingerie cor de pecado
Tem ilusão dentro do guarda roupas
E alguém achando que está louca
Tem você, tem eu, tem tantas horas que eu me perco
E depois me acho
Num espaço
No tempo inexato
Aqui nesse quarto, entre as quatro paredes que me enquadram
Nesse quadro da minha vida.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Odeia que me ama

Lancei uma opinião meio torta
Ela me mandou sair por aquela porta
Não fui
Ela me empurrou
Caiu em cima de mim
E me amou ali mesmo no chão
Ela Me ama e odeia ao mesmo tempo
Que Coisa de gente estranha!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A porta

Verifiquei três vezes se tranquei a porta
Você fica sonâmbula a noite
Me diz palavras tortas
que no dia seguinte cabe a mim esquecer
Diz pra eu ir embora
Pra dormir lá fora
Depois pede pra eu ficar
Você tem idéias loucas
Culpas que grita com a voz rouca
Choros que não consegue conter
Você me abraça ouvindo a chuva
Pergunta se escrevi poesias
Repete que é fria
E outros detalhes que não vejo dessa forma
Diz que sou muito otimista
Mas não me dá nenhuma pista
Do que você quer pra você
O que seu olho fala semente
O que a boca não diz já brotou
Você jura que não vai largar minha mão
Mas pulei sem olhar pra trás
E vc não me segurou
Eu caí numa queda na pista
Acidente de percurso
Você chorou
Mas não soube o que fazer
Não decidiu se despedida
Ou Se pulava em cima e mim e pedia pra eu não morrer
Eu morri só um dia
E decidi por você
Porque Você não sabe ver o lado bom das coisas
E eu já tinha decido viver...
Com ou sem Você.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Tarde demais

Atrasei meia hora pra cortar o cabelo
Cheguei tarde e não entendi o filme inteiro
Quando desci do metrô não a vi mais
Perdi o filme no canal 235
Sempre a hora se desvia de mim
Eu nem uso relógio
Não arranjo uma namorada porque não chego na hora marcada
Sempre estou um tempo atrás
Hoje cansei e adiantei o despertador
Atrasei uma hora ao invés de meia
O sono chegou tarde
Pensei tanto atraso de vida
Não pude evitar
Me sinto tão atrasada
Tão presa em ir depois
Fazer daqui a pouco
Comer em cima da hora
Rezar trinta minutos menos
Essa bagunça me perturba
Mas daqui a pouco penso nela
Não vou resolver agora
Vou procrastinar
Porque estou atrasada pra um encontro
Tomara que quando eu chegar ela ainda esteja lá.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Carlos

Carlos vivia com um saco de arroz nas costas
Ah! Era a sensação do peso
Comia as palavras com farinha
Se perdia no caminho de volta pra casa que fazia todo dia
Carlos por muito tempo teve controle de tudo
Pagava as contas em dia
Fazia compras de mês
Assistia seus jogos de futebol
Arriscava falar francês
Mas aí ele arriscou e perdeu tudo
Quase tudo...
Ele ainda tinha um par de all star branco
Calçou e foi andando
Mas all star não dura em andarilho
Como o jogo tem dois tempos
Tempestade com vento
E dores de amor
Carlos viu que nada dura pra sempre
É intermitente
Nem mesmo sua rotina se for ver
Carlos não lembra quando foi a praia a última vez
Foi gastando o tênis branco até lá
Ah! Carlos não vai pisar na areia de tênis mesmo
Deixa gastar...
Ele não se importa de ficar sem
É só algo material
Tudo foi feito pra acabar mesmo
Até sua fase ruim
Ele foi dar um mergulho, deixou os tênis brancos na areia.
Alguém achou que não tinha dono e levou
Carlos nem viu, nem percebeu
Tá lá na água...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Jackie, a aranha

Jackie mora no meu carro
Ela é uma aranha sem vergonha
Enquanto eu ouvia Jackie Tequila ela se mostrou
Acho que ela curte meu som e veio dançar nas músicas que me deixam aflita
Não conseguia achar uma aranha bonita
Até ela aparecer
Eu entrava no carro e via várias teias tecidas
Cheguei a pensar que ela perdia tempo
Pra achar outro lugar pra morar
Aqui não tem mosquito pra ela capturar
Mas por dias ela me fez companhia
No tráfego intenso
Nas idas e voltas do dia a dia
Ela ia comigo da Leste ao Itaim
Da Avenida Paulista a Arthur Alvim
Jackie se escondia quando eu ligava o ar condicionado
Acho que ela não gosta muito do frio
Ainda bem que ela não mora onde eu durmo
Porque está uma bagunça
Parece até loucura mas sinto falta quando ela não deixa rastro
Pelo menos tenho alguém pra conversar até chegar no trabalho
As vezes ela não está afim de me ver
Ah tudo bem, nem sempre eu estou forte
As vezes sinto uma solidão de outra vida
Espaço gourmet que não sai comida
Me questiono as teorias do Big Bang
Ouço sinos de Belém
Como sobremesa antes do almoço
Dou risada do zíper aberto do moço
E não falo pra ele arrumar
Se Jackie ver essas coisas tenho certeza que vai querer mudar
Acho que ela curte meu Peugeot
E tem espaço no espaço vazio
Dá pra ela levar a bagagem dela para o porta-malas
Mas ela mora onde tudo é passageiro
No banco dianteiro, perto da porta
Jackie não apareceu hoje
Deve ter sentido meu jeito cabisbaixo
Só porque eu falei isso ela apareceu no meu braço
Que susto!
Não ligo se ela quiser ficar
Mas eu mesmo não estou aguentando
Debaixo do pé de jaca sentei chorando
São tantas indecisões
Falta de um plano
Medos normais
Bonecos de panos
Coisas que passam agora na minha cabeça que se eu fosse Jackie, correria
Não me acho tão fracassado
Mas não me enquadro onde queria
Eu também quero fazer uma casa de seda
Resistente a agonia
Sem ansiedade na porta da frente
Sem problemas no bolso de uma blusa que ficou na lavanderia
Queria uma teia ausente de fios soltos
Que me levasse ao caminho prático de resolver as coisas
Que não me deixassem presa esperando
É Jackie...você está certa você é só uma aranha, não vai fazer teias milagrosas pra quem não sabe nem andar sem deixar o carro morrer.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Não lembro mais de você

Estou esquecendo seu rosto
Quando te sonho, é sempre de costas
Eu não penso mais em você com carinho
Acho que tudo me distrai quando tento
O barulho do mosquito
O cheiro do café
As pessoas atravessando a rua no último minuto
Mas nada tem a ver com você
Eu não lembro mais do que você me chamava
E nem da sua voz
Seu olhar que nem disfarçava
Nenhum detalhe que seja bom
Eu não lembro das suas mãos
E nem da roupa que vestia
Do dia que você chegou com pressa
Da viagem que não foi de dia
Eu lembro do dia que a gente se perdeu
E eu nunca mais te achei
Porque você não quis
Porque eu não lembro mais como chego até você
Não sei seus horários
Nunca conheci um amigo seu
Eu não lembro mais nada
Nenhum fato marcante
Tudo insignificante
Você se foi
E eu fui para o outro lado
Não sei mais nada de você
E não me interessa
Porque eu não lembro como é me interessar por você.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A chuva na Victor Civita

Senti um cheiro de chuva chegando
E sentei na Victor Civita pra esperar
Aquela sensação da água me molhando
Era a única que me fazia ter certeza
que ali eu queria estar

Pessoas correndo pra lá e pra cá
Se cobrindo com o guarda-chuva
A mãe correu com a criança no colo
O homem se cobriu com a blusa

Eu só queria me molhar
E sentir vida em mim
Quis me remeter as viagens nos mármores e marfins

Inclinei a cabeça pra molhar meu rosto
Pude sentir meu cabelo gelado nas costas
Quis olhar do outro lado
Virei de costas

Achei que todo mundo corre tanto
E não contempla a natureza
Não dá pra sentir a limpeza da alma
ao proteger a cabeça

Mas dá pra observar a temperatura mudar
E seu corpo sentindo
Dá pra sentir a roupa ficando pesada
E você pressentindo

Em meio às árvores da praça passei e sorri
Olhei pro jardim vertical
Avistei os jardins existentes
E imaginei ser o meu quintal

Se você soubesse como chuva é bom
Você saia pra se molhar
Esquecia de pôr capa dê chuva
E deixava a água rolar...

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

o atraso.

O atraso.

De vida....
Do ônibus...
Do avião...
Da conta...
Da carta...
Do almoço...
Do moço...
Do encontro...
Do riso...

Se atrasar a legenda no filme, as cenas não são condizentes
Se atrasar de tirar do fogão o macarrão
A massa não fica al dente
O atraso traz tensão de chegada
De hora errada
De preguiça de levantar
Atrasar felicidade é coisa de doido
É arroz insosso
É igual perder a hora pro altar
Eu é que não quero perder o trem das onze
Nem o jornal das treze
Nem rir depois de acabar.
Coloquei o despertador na soneca
Ai dele se não tocar!
E atrasar o sorriso da minha manhã...
Ai dele!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Casais.


Fiquei olhando os casais se despedindo nos carros
O marido a deixando no metrô
A mulher o deixando no metrô

Vi o beijo que ela deu segurando o rosto dele
O beijo que ele mandou pela janela

Imaginei o perfume do abraço que ficou na blusa dele
E o gosto do chiclê de menta que ficou na boca dela

Ele fez a barba
Ela cortou o cabelo

Eles se despediram na Luz do dia
Igual o sol e a Lua
Mas a noite ele vai buscar ela
Ela vai buscar ele
E aquele cansaço do dia se esquece
e o beijo começa de novo

E o afago é mais gostoso
E ela dorme no peito dele
E ele beija a testa dela.

E amanhã eles vão se atrasar
Porque estava tão gostoso estar ali

Entrei no metrô e não os vi se despedindo...

sábado, 17 de janeiro de 2015

Mundo massante
Todo mundo faz tudo igual
Mente igual
Machuca da mesma forma
Canta a mesma música
Pra trabalhar usa uniforme
As mesmas historias mal contadas
O mesmo egoísmo universal
Põe pimenta no molho
tempera a salada com sal
Tô cansada de viver a mesma coisa todo dia
De não ter lado racional
De aguentar o que ninguém viveria
E não ganhar nada com isso
Só mais um dia
Mais algumas horas de ansiedade
me punindo
no escuro
inseguro
sem se quer alguém se importar
E se existir
É mentira.

Trepadeira

O dia não é suficiente.
A noite inteira não dá.
A saudade criou um tipo de trepadeira
Que toma conta da parede inteira do meu peito.
Dá para andar por entre as folhas
E te procurar lá escondida
Mas como eu disse
você deixa tanto rastro em mim
Que um dia, tarde, uma semana
e a saudade vai trepando no muro
É pouco tempo pra matar.
Num dá.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Bloqueio

Bloqueio.

A alma do artista entrou na contramão
as luzes dos carros o cegaram.
Ele pensa se os motoristas que estão conduzindo esses veículos sabem conduzir suas vidas tão depressa
Farol alto
Não enxergo nada.
Minha alma vaga sem rumo
Agora no acostamento
Não tem nada aqui na memória
Não tem poesia
Nenhuma história
Não tem desenho que fique bom
No primeiro risco, desisto!
Minhas emoções estão tão embaralhadas
Que o som não causa sinestesia
Não lembro de nenhum vinho bom
Mas tomo a seleta do dia a dia
As palavras não ditas não querem sair
Voz rouca
Se encontrar criatividade por aí
De um abraço nela
Se encontrar inspiração na mão contraria
a minha
Dê minhas referências
Sou o cara de blusa laranja
All star preto
Bigode, calça jeans
Fala pra ela me encontrar do outro lado
Se mesmo assim ela não me encontrar
Dê uma pista a ela
Sou o cara ali com a mente vazia de tão cheia.
Bloqueado. Vagando. Tentando.
Andando em direção a pista central
Quem sabe minha alma não descreva dores de atropelamento em um papel
Ou detalhes de como atravessou rápido a avenida congestionada
Se ela ainda assim não achar
Diga que mandei lembranças
Que a alma foi sem rumo buscar uma criança que até ontem morou em mim.
Acho que mudou
Porque eu mudei.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Fortuito

Tem horas que o coração aperta
e tenta passar Onde não cabe
numa aresta
Tem hora que os fatos do jornal e a notícia
não interessa
Mesmo que eu entenda todo o caso
Sinto falta do Abraço dela
Fico quieta num silêncio
Inquieto, maresia de afeto
Mas não nego, meu amor tem nome e número de telefone
Eu nem ligo
Deixo o dia que ela tiver tranquila
me procura e me Jura que é concreto
logo some e nem campainha toca
se toca, tudo que faz mal faz bem
Outro dia ela volta e me toca bem no rosto
sinto gosto dela, como o Beijo dela ninguém tem
E daí eu quero fazer tudo pra ela ficar bem
As vezes não consigo apagar as dores
Os rumores dessa vida de vai e vem
Mas eu gosto que ela sinta que quando vou dormir
É nela que eu penso, que agradeço por existir
Eu gosto que ela veja que não ligo dela me procurar de vez em quando,  só pra eu apaixonar
É que o nome dela vira rima
O rosto dela de menina
As mãos que gosto de sentir
O fato é que não ouço nada
Só o Ré e o Dó da sua risada
E tudo que você tem pra me dizer
Eu não ligo se é problema
Se você quiser saio de cena
Mas segunda-feira eu volto pra checar se você veio
Se tava de batom vermelho
E se já posso voltar a te ver.

domingo, 11 de janeiro de 2015

Copo cheio de nada

Copo vazio.
É um copo cheio de vazio.
Não tá vazio
Tá cheio de nada
tem todo o vazio lá dentro
Um monte de espaço
Como pode estar vazio
Se tá cheio de lugar
Não tem água lá
Mas tem nada transbordando o copo
Se você apertar dos lados
o espaço diminui
Mas continua totalmente cheio de nada.

Corda Bamba

Ela anda na corda bamba
se equilibra
A corda balança,
ela se reequilibra
Ela tenta um passo
A corda não facilita
Ela respira
Se concentra
Anda sem olhar para baixo
troca de pé
Pé descalço
Ela se assusta
Mas não grita
Continua adiante
Determinada e aflita
Ela evita pensar em queda
Ela precisa continuar
Ela escorregou
Mas agarrou a corda bem forte
subiu de novo
Respirou e chegou do outro lado.
É uma menina de sorte.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

De: R.S.Lucca Para: Vanilla

De: R.S.Lucca
Para: Vanilla


Fique calmo.
A leveza virá como a pena de um pássaro.
Cairá como uma luva nos seus dias de mãos geladas.
Basta você acreditar no fato.
Querer viver sem culpa de nada
Entender que há falha
Mas também há emoção
Haverá dia de chuva
E dia de insolação
E você acha que só porque tá sol ele não vai queimar até arder?
Faz Até bolha
E você escolhe se quer se proteger
A motivação está escondida no seu peito
Você precisa afirmar na alma que vai dar certo de qualquer jeito
Entonar uma música e dançar com ela
Escolher uma paisagem pra achar bela
Não se culpe pelos seus erros
Todo mundo precisa errar para ter parâmetro de comparação com os acertos
Seria muito chato não enxergar ascensão
Não ver que conseguimos vencer um medo
Que podemos suportar o amor sem a expectativa da dor
Os humanos são banais certas vezes
Não se externize para qualquer um
Criou-se uma geração de julgadores
Eles nem conseguem olhar nos olhos
Te proponho pegar uma estrada sem rumo
Siga o que atrai seus olhos
Escolha os caminhos sem pensar Onde dá
E lá encontre prazer no que escolheu
Ache algo de bonito
Mesmo que sua alma se desmanche noutro grito
Você vai sentir que vento no rosto te faz te querer viver num sopro
Sem depender de outro
Apenas encontrando o prazer de ser você
Faça uma escultura com os seus tédios
Não dependa de certos remédios
Desprenda a capa que esconde seu ser
você vai se sentir melhor se você deixar a chuva molhar seu cabelo
Tente! Tenha zelo!
Cuide bem de ti mesmo, eu não posso fazer por você. Mas posso dizer com toda minha força na alma que você consegue!
Se eu estou aqui e consegui, você tem munição para agir. Você só se perdeu querido. Volte a se achar.
Um Abraço forte. Em breve nos encontramos de novo.

De: Vanilla Para: R.S.Lucca

De: Vanilla
Para: R.S.Lucca

Você precisa me ajudar.
Meus pensamentos ainda estão perturbadores.
Sinto medo de descobrirem algo.
Sinto muita vontade de entrar no carro e só ficar lá dentro com ele trancado, sem eu estar em movimento.  Pra ter a sensação que posso ir, que tenho a chave nas mãos,  mas minha escolha é ficar imóvel, inerte, atônito.
Eu me sinto inseguro até para tirar uma mosca zunindo no meu ouvido.
Eu li o estudo de Freud relacionando luto e melancolia. Me vi ali naquele texto, preso como um pássaro na jaula. Preso a um corpo sem alma.
Eu ouço gritos. Eu sinto agonia. Você precisa me dizer como agir. Eu quero conseguir. Mas a voz não sai. A vontade não brota no meu ser. Meu joelho se dobra e não ouço a voz de Deus. Eu continuo entendiado. As pessoas me julgam, dizem que tenho tudo que preciso pra ser feliz, mas elas não sabem de nada. Não moram dentro de mim pra saber que está sangrando sem parar. Eu não sei ser outro. Estou atado. Mas meus dias precisam ser melhores para eu conseguir achar um sentido para estar aqui. Esse estou eu. Espero que esteja muito bem. Até breve.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Andando pela cidade em busca de identidade
idoneidade
Em busca de qualquer sentimento
felicidade
Algum movimento
atividades
Querendo esquecer
minhas verdades
É um mix de fatalidade com algo incrível
uma procura incansável
indescritível
você entra nesse sabe ou não sabe
tá enrustido
E meu coração vai batendo junto com as horas do relógio de algarismo romano
as horas não passam
o tempo parando
Mas quem anda sem rumo sempre busca o que preencher
Detalhes, olhares
Alguma coisa que lembra alguém
Rumores, amores
Viagens de trem
um transe de sucesso com fracasso
um embaraço
pra quem tem dúvidas
espaço
pra quem faz cálculos todo dia
trigonometria
Pra quem só busca diversão
Alegria
Eu só quero preencher os vazios
dessa vida
Talvez alguém me explique o plano
Se é claro ou escuro
se vai repetir esse ano
vou pra esquerda ou direita
Ouço um jazz ou Caetano
talvez eu não escreva condizente
Só coisas confusas saiam da minha mente
serão idéias sortidas
barras de chocolate
balas de goma...coloridas?
São textos sem conclusão
Vontade de expor paixão
continuidades incertas
porão de coisas velhas
É sentimento contido
eu não tenho mesmo juízo
São jantares sem negócios
porque eu como qualquer troço que mata minha fome
Não tem frescura pra quem sabe o que quer
Mas se não sabe
Fecha a porta poeta e escreve o na cabeça vier...

Pense em quanta gente que também é assim. Sem sentido. Sem tempo. Sem medida. Sem nada pra discutir.
Me desculpe mas meu templo de mim mesmo tem muito o que descontruir e outra vez construir. É assim.

Meu sonho.

Folhas em branco voavam em volta de mim
como um tornado de papel
no céu
Mas pareciam Serafins dependendo de como se olhava
Eram histórias não escritas ?
Folhetos ?
Poemas não confeccionados?
Não sei.
Eram folhas sem nada.
Não entendi bulhufas
coloquei meu óculos
E fui pagar as contas do mês.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Ela também machuca

Ela me magoa como um adulto
Mas também me consola como uma criança
Tem cheiro de plástico novo
Mas quando quer me afastar seu perfume exala forte
Sem vento
Sem sorte
Me empurra para o norte
Ela tem uma voz que encanta meus ouvidos
Mas basta uma palavra atravessada
que fere mais que navalha na carne
Ela muito me atrai
Mas também me distrai
Meus sentidos a querem como eu quereria água no deserto
com qualquer futuro incerto
com qualquer palavra torta
Mas quando recebo palavras indigeriveis
Eu preferia entrar em qualquer buraco de minhoca
E não saber que ela existiu.