domingo, 23 de novembro de 2014

Blues da Guerra

De longe uma espera
Um retrato transfigura uma guerra
Feridos, armados, punidos
Por nada
A cena me leva a pensar
Que cada ilusão fica presa em um partido
Um legítimo coração partido
Não se cura
Não almeja emoção
É tudo parte de um holograma
A dor nem se clama
Bala perdida
Menos vida as cores
Preto, branco, cinza
Acabou a tinta
Não tem mais história a seguir
Não tem ninguém a frente
Não tem soldados
Não tem tenente
A guerra acabou, volta pra casa
Põe um blues no rádio
Esquece tudo o que aconteceu
Mudou tudo. Não mudou nada.
Esquece tudo, desliga o blues e dorme
Pode ser que ninguém te ouça chegar da batalha
Troca de roupa. Esqueça. Acabou.
Guarda na lembrança que não houve canção
A guerra apenas aflorou mais solidão.

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