quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tô lisa

Subi no ônibus
Cobrador, me perdoe, não tenho um trocado
Tô lisa, sem nada, sem um centavo
Mas me ajuda a chegar
Prometo pagar quando eu voltar
Só não sei quando volto
Deixa eu passar por baixo?
Quebra essa?
Se eu te contar como anda minha vida
Tá igual esse bus parado no ponto
Monte de gente pra subir e não tem lugar pra sentar
Bolsa tudo jogada no chão
Criança chorando
Motorista pedindo um passo pra trás pra poder fechar a porta
Nego vendendo bala gritando
Pra quem tá de pé é bem difícil
Já que não dá pra puxar assunto
É um saco tudo balançando
Manter o equilíbrio nessa hora
Coloco o fone de ouvido
Pra não ouvir sermão de religioso
Eu Não tenho grana
Mas tô ouvindo música pra acalmar essa vergonha
De Não ter um real
Um dólar
Um peso
Quero sair do buraco mas estou preso
Vou descer em qualquer parada
Pra ver se acho um dinheiro perdido no chão
Porque Não sei de onde tirar
A gerente negou meu crédito
Cartão tá sem pagar
 Esse papo de finança é um tédio
Sempre fui ruim De administrar
Mas é assim Que Andam as coisas
É pura realidade
Tô no buraco vermelho
No fundo do poço
Tô com Medo do espelho
E da cara do moço, o cobrador
Porque chegou a hora de descer, ele deixou eu passar por baixo.
Baita vergonha. Que vergonha!
Mas não tive escolha, desci
Em qualquer lugar
Vou ver se vendo alguma coisa
Preciso de pelo menos Um tostão
Pra resolver essa situação de risco
Honrar meus deveres
Pagar meus compromissos
Podia jogar na Loto... Mas não tenho nada no bolso
Tá triste de ver. Peguei carona e fiquei preso no ponto. Não tenho Pra onde ir.
Sentei no banco e fiquei pensando...
Um dia decido o que fazer.
Tchau moça, bom retorno pra casa, bom descanso. Foi bom papear com você sobre seus carnês. Boa sorte com a nova escola mais cara do bebê.

Nenhum comentário:

Postar um comentário